Mito verdadeiro e mito de papel
Há o mito que nasce do fogo e se entrega à causa, que abdica do corpo para fazer da própria vida uma oferenda à utopia. Carrega as marcas da luta, do risco e da entrega. A sua chama não é vaidade, mas destino — esse ardor que consome o instante para acender a memória dos povos.
Por outro lado... por outro lado... há o mito que germina da mentira e se veste de símbolo sem ostentar sacrifício. A sua bandeira não é coração, nem sangue e nem alma, mas slogan. O seu rosto não é centelha, mas caricatura inflada pelos gritos de ressentimento da horda ignara... dita humana.
O mito verdadeiro floresce na história como cicatriz luminosa: mesmo contraditório, permanece auréola de coragem.
O falso mito decai em lama vil, como estátua de gesso na chuva: o seu brilho é verniz e o seu destino é desbotar.
Entre o mito autêntico e o mito de papel há um abismo intransponível, porque um nasce da entrega; o outro, da impostura.
Sílvia Mota
Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2025 - 00h53.