Estranho impacto
A dor do mundo dói em mim -
ferro em brasa,
cicatriz que respira.
No plano cósmico,
o planeta range -
dobradiça enferrujada,
no altar do impossível.
Por aqui, nesse verde morto,
famintos mastigam vento,
as guerras fermentam cadáveres
e deuses finitos,
de mármore rachado,
jogam dados com o destino.
No íntimo da vida,
a morte pede passagem
pela rua deserta
e na calçada latrina
que engole passos,
no olho seco
sem lágrima de reserva,
há dor que dói em mim.
Meu grito sem brio
carrega explosões nos ossos,
corações-bomba no sangue
e uma língua-estilhaço
que lateja na boca.
Minha mente sente,
sofre e não mente:
a vida é fio de navalha
- corta a escuridão!
Sílvia Mota
Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 24 de agosto de 2025 - 10h20