Textos

Esse teu olhar

 

Ó olhar… ó Mistério, ó Amado!

Tua chama é o início e o fim.

 

Não apenas vê —

dissolve o véu e abre o abismo.

Não apenas toca —

rasga as sombras e acende estrelas.

Não apenas passa —

grava eternidade na carne do instante.

 

Ó olhar… ó Mistério, ó Amado!

Tua chama é o início e o fim.

 

Quando pousa,

muralhas desabam fatigadas,

respiração se faz oceano convulso

e a alma implora naufrágio no mar sem margens...

Nada resta senão a vertigem,

nada resta senão o mergulho...

 

Ó olhar… ó Mistério, ó Amado!

Tua chama é o início e o fim.

 

Escritura não escrita —

cifra que só o coração decifra.

Verso que não cabe em boca humana.

Os segredos

dormem nas pupilas,

enquanto o silêncio

desperta na luz secreta.

 

Ó olhar… ó Mistério, ó Amado!

Tua chama é o início e o fim.

 

Templo e profanação.

Sol que consome.

Lua que consola.

Lâmina de veludo —

ferida doce que eterniza,

oferenda que incendeia o altar,

canto que desperta o deus adormecido.

 

Ó olhar… ó Mistério, ó Amado!

Tua chama é o início e o fim.

 

No círculo hipnótico que envolve,

o mundo cessa

e o tempo se curva.

Só resta o Infinito,

incandescente e inteiro,

no breve intervalo

entre teu piscar

e minha entrega.

 

Ó olhar… ó Mistério, ó Amado!

Tua chama é o início e o fim.

 

Modalidade: Dhikr poético

Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2025 - 23h56

Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 17/08/2025
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários


Imagem de cabeçalho: jenniferphoon/flickr