DISCIPLINA: TEORIA DA LITERATURA II
PROPOSTA DA PROFESSORA NADIA REGINA BARBOSA DA SILVA
Sabe-se que o positivismo é uma orientação teórica, criada pelo sociólogo francês, Auguste Comte, que começou a atribuir fatores humanos nas explicações dos diversos assuntos, contrariando o primado da razão, da teologia e da metafísica. Para os positivistas, todo conhecimento do mundo material decorre dos dados “positivos” da experiência, e somente eles devem guiar o trabalho investigativo.
Convido você e toda a turma a fazer uma reflexão sobre as teses positivistas da crítica literária em relação à obra.
25 DE MAIO DE 2017
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RESPOSTA
Cara Professora
A Sociologia é capaz de observar a Literatura como uma manifestação social, como um documento ou um testemunho da época em que a obra literária foi criada. Nesse ponto, a fenomenologia do dia a dia proporcionaria elementos de análise para compreender a obra literária, no sentido de construir uma opinião sociológica a seu respeito. Por outro lado, considera-se a Sociologia e a Literatura como duas perspectivas distintas a respeito de um mesmo objeto ou ainda se aceita que tanto a Ciência como a Arte se mobilizam num sentido único: a necessidade de explicar a realidade e transformá-la, trazendo-a de um território desconhecido para um território conhecido. De qualquer forma, a diferença entre Literatura e Sociologia, radicaria no tipo de meios empregados para produzir a imagem do objeto investigado e as características da imagem produzida, porque tanto o discurso sociológico como o discurso literário possuem legitimidade epistemológica equiparável, quanto aos seus fins.
Ainda que apresente essas relações, não considero a Literatura como um “reflexo” da Sociedade, porque estaria a aprisionar a criatividade humana, que se necessita liberta. Na análise literária, o fator social é tão somente um elemento que atua na composição do que existe de essencial na obra enquanto obra de arte. Muito menos, considero analisar a obra literária como um documento, porque, para essa finalidade, até mesmo uma pesquisa aos jornais de época seria mais eficaz. Também, não considero alvissareiro que a Literatura seja explicada exclusivamente a partir dos métodos condizentes às ciências naturais, por causalidade ou por forças exteriores determinantes. Seria desastroso para a Literatura e para o processo criativo, a ideia do determinismo e a possibilidade de que a obra criativa viesse a lume a partir de regras estritamente lógicas.
Aceito que existem elementos determinantes para a concepção de uma obra de arte, como o produto do meio em que o escritor está imerso, o período histórico no qual vive e a raça a qual concerne, mas não consigo determinar a supremacia do mundo material sobre o espírito criativo ou a mente criativa humana. Não estou a sugerir que ocorra menos investigação, menos objetividade e nem menos conhecimento para realizar a crítica literária, mas que se realize uma análise mais inteligente, sensível e humana, centralizada nas peculiaridades intrínsecas ao estudo da Literatura, acatada tanto como Arte, como expressão da nossa cultura.
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NADIA REGINA BARBOSA DA SILVA em resposta a SÍLVIA MARIA LEITE MOTA
26 de maio 2017 às 14:09:08
Ok, Silvia.
Boas considerações. De certo modo, essas são as teses defendidas por Antonio Candido, tópico de nossa aula 10, se não estou enganada. Em, Literatura e Sociedade, Candido expõe o seu pensamento acerca da relação entre o texto e o contexto de uma obra literária. Diz ele, que os elementos sociais são fundamentais para o historiador e o sociólogo, mas podem ser secundários e mesmo inúteis para o crítico. A literatura, como fenômeno de civilização, afirma Candido, depende, sim, do entrelaçamento de vários fatores sociais. Mas, daí a determinar se eles interferem diretamente nas características essenciais de determinada obra, vai um abismo. Segundo o critico, é preciso ter consciência da relação arbitrária e deformante que o trabalho artístico estabelece com a realidade. Entendo como "deformante" o que você chama de "criatividade" e que, de fato, é.
Abs.,
Prof.ª Nádia