A intertextualidade em seu sentido lato é uma condição do texto. Às vezes, ela está explícita num texto, como um recurso de composição; às vezes está embutida em suas tramas sem que percebamos ou insinua-se desafiando a erudição do leitor. De todo modo, a intertextualidade lançou luz e consciência sobre esta dinâmica dos textos e impôs também outra maneira de lermos, pois expressa, insinua ou aponta os contatos de um texto com outro. Por isso, dizemos que a teoria da intertextualidade reposicionou os estudos comparatistas.
Perceber o processo de composição de uma obra e os diálogos que ela trava com outros textos é fundamental para compreendê-la. A capacidade de comparar e de identificar elementos é muito importante na construção de uma leitura e de uma análise literária mais criteriosas. Por isso, a teoria da intertextualidade reposicionou os estudos comparatistas e requer de todos nós a contínua ampliação do nosso repertório cultural, pois é a partir dele que seremos capazes de ler o texto estabelecendo as relações que ele próprio insinua.
A literatura comparada utiliza-se da transversalidade para explorar diversas várias do conhecimento, ou seja, ele não possui uma abordagem fechada nela mesma, mas expande suas pesquisas para muito além da literatura.
A Literatura Comparada confronta-se com algumas indefinições que não são compartilhadas com todos os ramos da Teoria Literária e nem com todas as disciplinas. Por ampliar a sua perspectiva de análise, por variar a natureza dos seus objetos de comparação e por colocá-los em diálogo entre si e com muitas áreas do conhecimento, a Literatura Comparada é considerada uma disciplina de entremeios. Ela se apropria de várias áreas do conhecimento e, igualmente, coloca-se a serviço de várias áreas do conhecimento também.
A comparação permite aproximarmos literaturas e outras artes que dificilmente entrariam em mútuo contato umas com as outras se não fosse pela pesquisa. Ao provocar certos encontros, não raramente os estudos comparatistas acabam por descobrir muito mais do que a hipótese inicial prevista pelo estudo. Por isso, a Literatura Comparada foi requisitando outras áreas para subsidiar as suas pesquisas.
Perspectiva cosmopolita da Literatura Comparada
Sobre a perspectiva cosmopolita da Literatura Comparada, está diretamente ligada às transformações pelas quais a área passou. A Literatura Comparada surgiu muito restrita, apresentou uma fase de estudos muito voltada às produções europeias e, aos poucos, passou a ampliar o seu horizonte de interesses. Hoje, ela dialoga com literaturas do mundo todo, além de ter incorporado ao seu campo de interesse o estudo de outras linguagens também, como o cinema, por exemplo.
A Literatura Comparada provém de estudos culturais ou comparatismo cultural?
Sobre o trecho em epígrafe, na verdade, trata-se de uma ironia. A Literatura Comparada e os Estudos Culturais, embora apresentem interfaces, são disciplinas e campos diferentes, mas os seus parâmetros, de fato, não são fixos. Ambas as áreas apresentam múltiplas abordagens, são interdisciplinares, valendo-se de muitos saberes para analisar os seus objetos de estudo. Por isso a comparação com os Estudos Culturais. Muitos acreditam que a Literatura Comparada ampliou demais o seu escopo, descaracterizando-se.