Entre a Geometria e a Poesia
Afirmam os estudiosos: tudo é Geometria! E eu, que de há muito me afastei dessa área onde “predomina a razão”, trago desse passado longínquo, por onde trafeguei pelas veredas do incompleto Curso de Engenharia (dos 19 aos 21 anos de idade), parca lembrança das estruturas moleculares e do crescimento dos seres orgânicos e inorgânicos, com destaque para a arquitetura majestosa do DNA humano, que ainda me enfeitiça a imaginação.
A exacerbada fantasia de outrora sufocou a Sabedoria, que, impossibilitada de agir, escondeu-me a beleza de tantos universos. Por extrema incompatibilidade da vida interior com a vida exterior, afastei-me daqueles estudos iniciais que me provocavam a razão e, de tudo, de tudo o que era externo, só me permiti enxergar a Poesia que florescia, jovem e pura, nos meandros da minha alma. Foi assim que, na adolescência, entre o real e o sonho, optei por vivenciar a segunda alternativa. Aliás, ainda na infância, sonhei todos os sonhos que fui capaz de sonhar. Em razão dessa inexperiência, logo depois, na juventude e início da vida adulta, quase sufoquei ao peso de uma realidade, que, longe de ser tão bela, se impôs à minha vida. Sobrevivi incólume e altaneira, entretanto...
Alcançados os cabelos brancos, pelas noites de luar fixo-me na poeticidade do céu. Enxergo por entre a luz da escuridão. Adivinho as nebulosas galáxias, escuto o silêncio dos planetas e saltito atrevida nas suas órbitas... Nesse frenesim, percebo que tudo se apresenta por círculos, quadrados, retângulos, espirais, ângulos e elipses... e, na tentativa de adaptar todos os meus devaneios às figuras ou estruturas geométricas, sorrio da minha inocência que se perdeu nas brumas do tempo.
Quanta Poesia existe no Universo real! Afinal, posso desvendá-la a partir do infinitamente pequeno até o infinitamente grande e, ainda que sejam fáceis ou complexos, tristes ou alegres, os teoremas da Vida.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 13 outubro 2010 às 22h30
Reeditado em 25 de agosto de 2018 – 11h46
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 25/08/2018
Alterado em 25/11/2018