Escolas Literárias
Classicismo, Barroco e Arcadismo
CLASSICISMO (1527-1580)
O Classicismo nasceu na Itália, no século XIV, com apogeu no final do século XVI. Ocorreu dentro do Renascimento, período de renovação e de grandes transformações culturais, políticas e econômicas. A Europa saía da Idade Média, conhecida como a idade das trevas, para encontrar-se com a luz, representada pelo conhecimento.
Os escritores classicistas retomaram a ideia de que a arte deve fundamentar-se na razão, que controla a expressão das emoções. Nesse refrão, buscavam o equilíbrio entre os sentimentos e a razão, em busca de uma representação universal da realidade, que desprezasse tudo que fosse puramente ocasional ou particular. Os autores passaram a revalorizar as características artísticas próprias da Antiguidade Clássica: o equilíbrio e a beleza. No entanto, essa recuperação não se percebe genuína, uma vez que decorre da imitação dos referenciais clássicos, transpassada pelos rígidos códigos do racionalismo iluminista.
Características do texto classicista
O texto classista prima pelo Individualismo, Universalismo, Racionalismo, Antropocentrismo, Idealização amorosa, Neoplatonismo, Nacionalismo, Paganismo, Predomínio da razão, Influência da cultura greco-romana, Fusionismo: mitologia pagã e cristã, Simplicidade, clareza e concisão, Equilíbrio, harmonia e senso de proporção (Rigor e perfeição formal), Mimese = (imitação da Natureza: Aristóteles). Os versos deixam de ser escritos em redondilhas (cinco ou sete sílabas poéticas) – que recebem a alcunha "medida velha" – e passam a ser escritos em decassílabos (dez sílabas métricas ou poéticas) – que receberam a denominação de "Estilo doce novo & Medida nova". É o momento do SONETO, poema com 14 versos decassilábicos (10 sílabas métricas ou poéticas) distribuídos em dois quartetos e dois tercetos. As Rimas consoantes, por vezes, são ricas.
Representantes
O maior representante desse período é o poeta Luís Vaz de Camões (1524-1580), sendo sua maior obra, Os Lusíadas, a maior epopeia já escrita em português.
BARROCO (1601-1768)
A tradição crítica da literatura brasileira definiu o Barroco, ou Seiscentismo, como a primeira manifestação literária genuinamente brasileira. O termo denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600 e início dos anos 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época. Surge em decorrência da crise do Renascimento provocada, em particular, pelas fortes divergências religiosas e imposições do catolicismo e pelas dificuldades econômicas decorrentes do declínio do comércio com o Oriente.
Características do texto barroco
Trata-se de literatura moralista, usada pelos padres jesuítas para pregar a fé e a religião. É rebuscada, como reflexo dos conflitos dualistas entre o terreno e o celestial, o homem (antropocentrismo) e Deus (teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo presente no período renascentista. Esse contraste será visível em toda a produção barroca, mas o artista barroco não deseja apenas expor os contrários, antes, quer conciliá-los, integrá-los. Daí ser frequente o uso de figuras de linguagem e sintaxe, que buscam essa unidade, sendo as mais comuns: metáforas, antíteses, paradoxos, hipérboles e prosopopeias.
Temas frequentes na Literatura Barroca
- fugacidade da vida e instabilidade das coisas;
- morte, expressão máxima da efemeridade das coisas;
- concepção do tempo como agente da morte e da dissolução das coisas;
- castigo, como decorrência do pecado;
- arrependimento;
- narração de cenas trágicas;
- erotismo;
- misticismo;
- apelo à religião.
Principais representantes na Literatura
O Barroco foi introduzido no Brasil por intermédio dos jesuítas. No final do século XVI, destinava-se tão somente à catequização. A partir do século XVII, expande-se para os centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, por meio das igrejas. Dessa forma, a função da Igreja era ensinar o caminho da religiosidade e da moral a uma população que vivia desregradamente.
Brasileiros: Gregório de Matos, Bento Teixeira Pinto, Manuel Botelho de Oliveira, Padre António Vieira e Frei Manuel de Santa Maria Itaparica.
Portugueses: Padre António Vieira, que representa a vértice conceptista do Barroco.
ARCADISMO (1768-1836)
O Arcadismo é uma escola literária que surgiu na Europa no século XVIII, mais precisamente entre 1756 e 1825, também denominada de setecentismo ou neoclassicismo. O termo provém da menção à Arcádia, lendária região campestre do Peloponeso, morada do deus Pã, na Grécia Antiga, em que habitavam pastores que gozavam de uma vida plácida de contemplação das belezas simples do campo. Em razão dessas características, o império romano não se interessou pela região, da qual não seria possível obter o que os impérios desejam: mais riquezas e mais poder. Desse modo, a Arcádia pôde manter seus costumes e valores tradicionalmente simples: utopia de vida idílica, marcada pela simplicidade e ambiente feliz, de consagração do amor.
Foi a partir do anteriormente exposto, que jovens da segunda metade do século 18 e da primeira metade do século 19, entenderam que Arcádia seria interessante nome para usar em suas associações que reuniam escritores, cientistas e pensadores. Então, os italianos, inspirados por Giovan Maria Crescimbeni di Macerata, imitaram a lenda, com a criação da Academia de Literatura Arcádia, em 5 de outubro de 1690. Sob a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos, os poetas mantinham a coerência dos princípios que os embasavam, ao assumirem pseudônimos de pastores lendários, como Dirceu ou Glauceste Saturnio. Eram bucólicos e cantavam suas liras com elogios à beleza da mulher amada, ao amor puro, à vida tranquila do campo e à fruição dos pequenos prazeres.
Deve-se considerar o Arcadismo como filosofia de vida e os poemas pastorais como delegação poética, que se estabelece pela transferência da iniciativa lírica a um pastor fictício. Nesse sentido, a poesia pastoral tem um importante significado, pois permite a contraposição da rusticidade do ambiente à formação intelectual de cultura europeia, o que permite um diálogo entre a civilização e o primitivismo.
Um dos principais escritores árcades é o poeta latino Horácio, que viveu entre 68 a.C. e 8 a.C., influenciador do pensamento do “carpe diem” (viver agora, desfrutar do presente), adotado pelo Arcadismo e permanente até os dias de hoje.
No Brasil, o movimento chegou e desenvolveu-se na segunda metade do século XVIII, no auge do Ciclo do Ouro em Minas Gerais e ocorre, também, a transferência do centro político do Nordeste (Salvador) para o Rio de Janeiro. Nesse momento, ocorre também a difusão do pensamento iluminista, mormente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais.
Características do texto arcaico
Valorização da vida no campo (bucolismo). crítica a vida nos centros urbanos, objetividade, idealização da mulher amada, inutilia truncat (cortar o inútil), locus amoenus (lugar agradável), convencionalismo amoroso, aurea mediocritas (mediocridade áurea ou ouro medíocre), linguagem simples, uso de pseudônimos com frequência e pastoralismo.
Principais representantes na Literatura
Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (1765-1805); António Dinis da Cruz e Silva (1731-1799); D. Leonor de Almeida de Portugal Lorena e Lancastre ou Marquesa de Alorna (1750-1839), Francisco José Freire, ou Cândido Lusitano (1719-1773), autor de Arte Poética; Santa Rita Durão (1722-1784), autor do poema Caramuru; Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), autor de Obras Poéticas; Basílio da Gama (1741-1795), autor de O Uruguai; Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Liras, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu; e Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749-1814), autor dos madrigais Glaura.
Referências
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 30/07/2018