O conclaveChristoph Schrewe [Diretor]
Dados técnicos
Roteiro: escrito por Paul Donovan.
Trilha sonora: composta por Ari Wise.
Fotografia/Cinematografia: conduzidas por Mathias Neumann.
Produção: por Paul Donovan, Bill Niven, Sytze Van Der Laan e Stuart Pollok.
Produção e estúdios associados: financiado e/ou produzido por Saltire Entertainment, Alexander Sextus Ltd. e Studio Hamburg International Production (SHIP).
Distribuidores do filme: distribuído comercialmente pela Bogeydom Licensing, Arbeitsgemeinschaft der öffentlich-rechtlichen Rundfunkanstalten der Bundesrepublik Deutschland (ARD) e Novapool Pictures.
Elenco:
Manuel Fullola como Rodrigo Borgia
Brian Blessed como Aeneas Sylvius Piccolomini
James Faulkner como Guillaume d'Estouteville
Rolf Kanies como Basilios Bessarion
Holger Kunkel como Alain de Coëtivy
Peter Guinness como Latino Orsini
Nicholas Irons como Prospero Colonna
Brian Downey como Juan de Mella
Lolo Herrero como Pedro Luis Borgia
Gaetano Carotenuto como Captain Gaetono
Matthias Koeberlin como Giuliano Della Rovere
Nora Tschirner como Vannozza dei Cattanei
Joseph Rutten como Pope Callixtus III
John Dunsworth como Cardinal Calandrini
O filme completo, com roteiro original em Inglês, foi produzido no Canadá e estreou nos cinemas em 2006.
O termo "conclave"
O conclave é uma reunião dos cardeais, que se realiza obrigatoriamente dentro do Estado do Vaticano (Capela Sistina), entre 15 e 20 dias após a morte do papa em exercício ou após a sua renúncia formal. A missão é escolher o novo Sumo Pontífice que dirigirá a Igreja Católica Apostólica Romana e as sessões transcorrem lentamente, no meio do maior secretismo e isolamento do mundo exterior. O ritual ocorre há oito séculos, quando em 1274, o Papa Gregório X usou o termo pela primeira vez. A tradição fundamenta o evento, que em quase nada se modificou, desde então.
As normas para a realização do conclave estão previstas no Código de Direito Canônico (Cân. 332) e regulamentadas pela Constituição Apostólica Universi dominici gregis, do Papa João Paulo II, com as alterações feitas por Bento XVI por meio de Motu Proprio em 2007, pelo qual retoma a norma tradicional sobre a maioria necessária na eleição do Sumo Pontífice e, em 2013, por meio do Motu Proprio Normas nonnullas, estabeleceu o preceito de que após 34 votações só são elegíveis nas votações seguintes os dois cardeais mais votados na eleição anterior (Wikipédia).
O filme
Trata-se de um drama centrado em torno do primeiro conclave de Rodrigo Borgia, período em que o religioso lutou para manter a carreira e salvaguardar a própria vida. Esse foi o único conclave da história, em que um dos cardeais manteve um diário secreto, o que nos ofereceu um vislumbre da alma escura e perigosa do renascimento do Vaticano.
O filme começa em 1458, cinco anos após a queda de Constantinopla para o Islã, com a morte do primeiro papa, Alfonso Borgia - Calixto III (1455-1458). Como vice-chanceler, Rodrigo Borgia, aos 27 anos de idade, lideraria o conclave, mas, outros poderes dentro da Igreja, obstaculizaram o que deveria ser uma simples transição. Rodrigo Borgia era chamado pelos outros cardeais de “cardeal-sobrinho”, pois o falecido papa era seu tio que o fizera cardeal. Havia grande conotação de desprezo nesse chamamento, mas o jovem crente desempenhou papel crucial na eleição de Pio II, o que o ajudou a garantir a própria sobrevivência política e o percurso da carreira, até que conseguisse, contra todas as adversidades, tornar-se papa. [Para o conclave de 1492, Rodrigo Borgia usou sua fortuna e promessas para comprar a maior parte dos votos dos vinte e três cardeais quando se realizou o conclave para definir a sucessão do papa Inocêncio VIII. Haviam três candidatos: ele próprio, Ascanio Sforza e Giuliano della Rovere. Reuniram-se em agosto de 1492, na Capela Sistina e a eleição definiu-se na madrugada de 10 para 11 de agosto. Deu-se a coroação em 26 de agosto. Rodrigo Borgia contava então 60 anos e adotou o nome de Alexander VI. Notoriamente, recebeu a infeliz distinção de ser considerado, por muitos, o pior de todos os papas.]
Ainda que se trate de um filme religioso, exibe ação e cenas de violência. O enredo inclui cardeais com amantes, escrúpulos baixos, promessas de patrocínio real e famílias rivais que afirmam ameaças e assassinatos. As imagens, em sua maioria, ocorrem dentro do claustro do Conclave, o que valoriza a época histórica, com diálogos importantes e bem construídos, que delineiam uma bem desenvolvida trama.
O relacionamento entre Rodrigo Borgia com sua amante Vanozza Catarei e o descaso pela política eclesiástica, oferece um difícil cenário para o protagonista e os cardeais. O ator espanhol Manuel Fullola desempenha de forma enriquecedora o papel do futuro papa e demonstra força cênica, ainda que alguns críticos valorizem mais a atuação de Brian Blessed como Piccolomini, chegando mesmo a afirmar que o protagonista ficara em segundo plano.
Em 16 de agosto de 1458, dezoito dos 26 membros do Sacro Colégio, participaram do conclave, para determinar o futuro do mundo cristão e o nome de Roberto Borgia destaca-se durante toda a história. Rodrigo Borgia recebeu constantes ameaças de morte e sofreu chantagens. No contexto, praticou-se a compra de votos e promessas imorais se perpetraram, isso tudo, num local que deveria ser a base moral da sociedade. Após o primeiro escrutínio, realizado em 18 de agosto e no qual os cardeais Piccolomini e Calandrini receberam cinco votos cada, enquanto nenhum dos outros candidatos obteve mais de três, o cardeal francês Guillaume d'Estouteville iniciou uma intensa campanha simonial pela sua própria candidatura. Prometeu o cargo de vice-chanceler ao cardeal de Avinhão e ofereceu outros subornos aos cardeais gregos. Em 18 de agosto à noite, convencera-se de que obteria pelo menos onze votos na manhã seguinte. Mas, em oposição, durante a noite o cardeal Pietro Barbo reuniu os demais cardeais italianos, exceto Prospero Colonna, sob a proposta de que o mais provável para obter a maioria necessária de dois terços era Piccolomini e que todos deveriam apoiá-lo no dia seguinte. D’Estouteville, que considerava Piccolomini pouco refinado, ofendera-o com palavras de desdém, ao expor sua estirpe, em grau nenhum considerada nobre. O ator inglês Brian Blessed interpretou o cardeal Piccolomini de forma magistral. No dia seguinte, em segundo escrutínio e, para desapontamento de D'Estouteville, o cardeal Enea Silvio Piccolomini aceitou sua eleição e tomou como nome Pio II.
A película tem muitas virtudes, entre essas, o cuidado com a exatidão histórica, trajes, música, tensão, performances dos envolvidos na trama e uma maneira sábia de refletir sobre a ambição, ainda que não seja isso suficiente para fazê-lo um grande filme. Apresenta-se mais como um esboço - belo e cheio de boas intenções, sedutor em raras cenas e muito tenso, para apresentar mais do que uma espécie de parábola sobre o poder. Mas, impressiona pela exploração do detalhe e pelo desejo de refletir, de forma inspirada, a respeito de uma época, além de expor uma nova perspectiva sobre a vida de Rodrigo Borgia - realista, interessante, fria e com poucas gotas de romance. Enfim, assiste-se a um mundo cristão, no qual autoridades papais trafegam envolvidas em roupagens religiosas, que acobertam espíritos essencialmente políticos.
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 08/11/2016
Alterado em 10/11/2016