Ecologia
Professora Sílvia Mota
Poeta e Escritora do Amor e da Paz
O termo Ecologia deriva-se do grego: oikos = lugar onde se vive ou habitat; e logia = estudo, reflexão. Portanto, é compreendida como a ciência (parte da Biologia) que estuda as relações dos organismos ou grupo de organismos com o seu meio ou estudo da estrutura e da função da natureza, entendendo-se que o homem faz parte dela.
A palavra em epígrafe foi proposta em 1869 pelo biólogo alemão Ernest Heckel (1834-1919), na obra “Generelle Morphologie der Organismen” (Morfologia Geral dos Organismos) para a criação de uma novel e acanhada disciplina científica, atrelada ao campo da biologia, que teria por função estudar as relações entre as espécies animais e o seu meio ambiente orgânico e inorgânico. Heckel (apud TRICART, 1979) enuncia a Ecologia: “[...] o estudo das relações dos seres vivos e de seu meio”, um conceito limitante em relação à dimensão espacial e temporal, por não explorar com profundidade as características evolutivas da Terra e dos animais, porém, inovador para a época. Esse conceito aprimorou-se e foi inovado e entendido por Odum (1983) como: “[...] o estudo do habitat dos seres vivos”; porém o conceito mais abrangente e completo é dado por Krebs (1996): “[...] o estudo científico dos processos que regulamentam a distribuição e a abundância de seres vivos e as interações entre eles, e o estudo de como esses seres vivos, em troca, intercedem no transporte e na transformação de energia e matéria na biosfera (ou seja, o estudo do planejamento da estrutura e função do ecossistema).” Assim apresentada, pode-se dizer que a Ecologia é o estudo das inter-relações entre organismos e o seu meio físico, pois sabe-se que nenhum organismo, sendo ele uma bactéria, uma árvore, ou o próprio ser humano, pode existir autonomamente sem interagir com outros, ou mesmo com o ambiente físico no qual ele se encontra.
O termo Ecologia tornou-se deveras conhecido nas últimas décadas, quando praticamente invadiu os meios de comunicação. É considerada como uma "ciência da sobrevivência" porque o ser humano agride a Natureza e extermina os seres vivos, além de poluir os recursos naturais. A Ecologia preocupa-se com as relações que ocorrem em formas de organização, que vão além do organismo: populações, comunidades e ecossistemas.
Podem-se distinguir quatro grandes vertentes da Ecologia: a ecologia ambiental - que se preocupa com o meio ambiente, a ecologia social - que insere o ser humano e a sociedade dentro da natureza e propugna por um desenvolvimento sustentável, a ecologia mental ou profunda - que estuda o tipo de mentalidade que vigora hoje e que remonta a vida psíquica humana consciente e inconsciente, pessoal e arquetípica e a ecologia integral - que parte de uma nova visão da Terra surgida quando, nos anos 60, ela pôde ser vista de fora pelos astronautas (BOFF, 1996). Para Edgar Morin (1993, p. 16): “A era planetária começa com a descoberta de que a Terra é apenas um planeta.” A ecologia natural se referia apenas à preservação da natureza. De acordo com Moacir Gadotti (2016), a ecologia social integral se refere à qualidade de vida e se traduz por perguntas como: até que ponto há sentido no que fazemos? Até que ponto nossas ações contribuem para a qualidade de vida dos povos e para a sua felicidade? A sustentatibilidade é um princípio que reorienta a educação e principalmente os currículos. A ecopedagogia pode ser vista tanto como um movimento pedagógico quanto como uma abordagem curricular.
Propõe Fritjof Capra (2004, p. 26), que a ecologia rasa é antropocêntrica, ou centralizada no ser humano. Compreende os seres humanos como situados acima ou fora da natureza, como a fonte de todos os valores, e atribui um valor meramente instrumental, ou de "uso", à natureza. A ecologia profunda não separa seres humanos - ou qualquer outra coisa - do meio ambiente natural; vê o mundo não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e interdependentes. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de todos os seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fio particular na teia da vida. Fritjof Capra comprova como a ecologia profunda - a concepção que não separa os homens da natureza - ganha relevo na nova visão da realidade. Essa consciência motivara Edgar Morin (apud LAGO, 1994, p. 6) a expor: “A consciência ecológica levanta-nos um problema duma profundidade e duma vastidão extraordinária. Temos de defrontar ao mesmo tempo o problema da Vida no planeta Terra, o problema da sociedade moderna e o problema do destino do Homem. Isto obriga-nos a repor em questão a própria orientação da civilização ocidental. Na aurora do terceiro milênio, é preciso compreender que revolucionar, desenvolver, inventar, sobreviver, viver, morrer, anda tudo inseparavelmente ligado.”
É necessário detectar os espaços que permitirão a construção de um planeta saudável. E, isso correrá a partir do desenvolvimento de consciência ecológica mais apurada.
Encerra-se este perfunctório texto, com a inspiração de Fernando Pessoa:
“Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer.
Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura...”
REFERÊNCIAS
BOFF, Leonardo. Desafios ecológicos do fim do milênio.
Folha de São Paulo, São Paulo, 12 maio 1996b, p. 5-3-a.
CAPRA, Fritjof.
A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. Tradução: Newton R. Eichemberg. São Paulo: Cultrix, 2004.
GADOTTI, Moacir. Ecopedagogia e educação para a sustentabilidade.
Secretaria da Educação, Curitiba. Disponível em: http://www.educacao.pr.gov.br/arquivos/File/det/
palestra3_eco_educacao_sustentabilidade_gadotti_1998.pdf. Acesso em: 31 ago. 2016.
KREBS, C. J.
Ecology: the experimental analysis of distribution and abundance. New York: Harper and Row, 1972. 694 p.
KREBS, J. R.; DAVIES, N. S.
Introdução à ecologia comportamental. São Paulo: Atheneu, 1996. 420 p.
LAGO, Antônio; PÁDUA, José Augusto.
O que é ecologia. São Paulo: Brasiliense, 1994.
MORIN, Edgar.
A religação dos saberes: o desafio do século XXI. 2. ed. Tradução: Flavia Nascimento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
MORIN, Edgar; KERN, Anne Brigitte.
Terre-Patrie. Paris: Seuil, 1993.
ODUM, E. P.
Ecologia. 5. ed. São Paulo: EDUSP, 1983.
TRICART, J.
L’analyse de système et l’étude intégrée du milieu naturel: Annaies de Geographie. Tradução: Francisco Mendonça. Paris: Librairie Armand Colin, 1979. n. 490, p. 705-714.
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 31/08/2016