Carta de amor
Em algum lugar do passado
Rio de Janeiro, 1988 (?)
Meu grande amor,
Gostaria de saber em que passado infinito nos encontramos pela primeira vez. Gostaria de saber os teus desejos e os meus, as tuas manias e as minhas. Gostaria de retornar por um segundo apenas a esse tempo que marcou nossa eternidade...
Sinto vontade de ultrapassar as nuvens, os céus, num mergulho de intensidade mística, até encontrar a ti e a mim nesse infinito passado, que hoje se apresenta na forma desse sentimento estranho que me torna criança, me transforma em mulher, me desfaz em fêmea, me faz lembrança e me transforma em tua realidade!
Queria saber e sentir o que uniu um dia o sentimento de hoje! Preciso olhar-te os olhos com a mesma pureza com que vês os meus. Preciso beijar-te a boca da maneira que desejas, com a minha, apenas, ligeiramente entreaberta... Preciso enroscar minhas pernas nas tuas do jeitinho desejado e insinuado na hora do amor. Preciso apertar tuas mãos, alisar teus cabelos, arranhar maciamente tuas costas e apertar teu peito nos meus seios, que são exatamente do tamanho dos teus desejos!
Preciso continuar linda, para que tua alma pressinta em mim a beleza do passado... Preciso ser a paz que teu sentimento procura e deseja, para continuar à disposição dos meus caprichos.
Quero sugar tua estrela mais bonita e no céu dos nossos sonhos engolir toda a luz desse esperma que me fará eternamente bela e sensual diante da tua alma.
Não quero ser mulher de uma vida!
Não quero ser prazer de uma vida!
Não quero ser o sonho de uma vida apenas!
O que te desejo ser é muito mais profundo do que as palavras podem descrever; é muito mais intenso do que a vibração dessa música que arranca lágrimas dos meus olhos e me transforma em menina e rainha, em ilusão e matéria.
O que te desejo ser é muito mais eterno do que um instante só de vida e, ao mesmo tempo, que incoerência! - cada instante de vida perto de ti é tão infinito quanto uma eternidade!
Gostaria de saber em que passado nos encontramos e nos amamos e nos dissemos e nos prometemos as mesmas coisas que hoje, sem entender bem o por quê, dizemos e nos prometemos, sem querer... querendo!...
Preciso encontrar e entender, em algum lugar do passado, a resposta que necessito para não te machucar com palavras malcriadas e sem sentido...
Preciso alcançar teu sentimento mais verdadeiro, para transformar meu sorriso em flor e merecer ser retratada por ti, para fazer do teu pincel a minha vida e me fazer eterna na tua tela e na tua alma, como flor, beleza, perfume, mulher... e paz!
Beijos, os mais doces e ternos...
Sílvia Mota.
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 15/06/2016
Alterado em 11/09/2016