Textos


Desejo mundano pode ou não ser fonte de iluminação

 

1- Deve-se explicar o sentido do termo “mundano”. Todas as situações do mundo material e socialmente considerado, que instiguem as convenções e futilidades, são mundanas. Nesse refrão, as pessoas que se consagram aos prazeres imediatos, que ignoram os valores éticos e morais para entregarem-se à ostentação frívola e passageira dos bens materiais, são consideradas mundanas.

 

2- O que significa "alcançar a iluminação"?  Iluminar-se é despertar para a verdadeira natureza da vida - perceber que cada ser possui a capacidade de manifestá-la aqui e agora, em meio à realidade da existência.


3- Isso posto, para viver com dignidade, deve-se passar ao largo das pessoas que cultivam o Mal e a Maledicência e fugir dos pensamentos mundanos? De que forma é isso possível?

 

O ser humano trafega por diversos mundos. Desenha o luar como se fosse um monstruoso dragão a colocar sanha pelas ventas, ou colore a perdição como se fosse divinal pureza. Tudo, pela incapacidade corrente de enxergar a própria sobrancelha - tão próxima dos seus olhos - sem o uso de um espelho. Tudo, pela inépcia de manter o equilíbrio dos estados mentais inerentes à vida: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Boddhisatva e Estado de Iluminação (há milênios reconhecido como o Estado de Buda). Mesmo assim, apesar das suas incongruências, é preciso viver e viver é coexistir. Como alcançar esse feito, se é impossível (re)conhecer o Outro na sua individualidade, e, se é impossível, até mesmo, saber de si, quando em jogo os interesses próprios?

 

Não existe meio termo ao desbravar o Outro. Essa aventura significará "descobertas" que propiciarão conhecer-lhe o lado solidário, amoroso e saudável, ou significará perigo. Sim, perigo - não porque necessariamente lhe contaminará, mas, porque poderá ser afeito à destruição de tudo o que se constrói em nome do Amor e da Paz.

 

Mesmo assim, não será necessário fugir do mundo ou se retirar dele. Caberá transformar a vida cotidiana em palco da sabedoria, coragem e compaixão absolutas, porque alcançar a iluminação significa manifestar a mais alta dignidade da vida, mesmo no sofrimento ou nas circunstâncias adversas.

 

Para sobreviver ao Mal, é preciso conter a força interior de mil gigantes mitológicos, além de cultivar a verdade como ideal máximo e justo nas ações diárias. Assim sendo, quando o espírito é inapto para esbanjar forças e determinação, é melhor que não se aventure por mundos desconhecidos, antes de fortalecer os seus mundos interiores.


Por nada saber, cabe ao ser humano a busca do mínimo conhecimento a respeito das coisas e pessoas que o cercam. Nesse contexto, as aparências nada valem e muito menos valem os discursos falaciosos, por si, sem fundamento. Os prazeres, ao serem colocados ao alcance do coração, não devem ignorar a razão, por mínima seja a parcela requisitada.

Por diversas vezes, adentra-se mundos estranhos. Por diversas vezes, sofre-se em razão dessa audácia. Por diversas vezes, o sorriso brota seguro, fruto da coragem desafiadora. Mas, o que não se pode ignorar é que alegres ou tristes será erro crasso subestimar o Outro, antes de conhecer as verdadeiras verdades que se escondem através das palavras provocadas pela maldade humana intencional ou exaradas ao alvedrio sugerido por problemas circunstanciais. Fugir do Mal não é garantia do Bem. É melhor fortalecer o Bem que existe em si, para que vença o Mal do Outro – ou, no mínimo, mantenha-o em equilíbrio.

Impossível sair ileso de um Mundo. Marcas positivas ou negativas se farão, porque alegrias e tristezas são fatos da vida. E, se resplandecerá a alegria a ser repetida no futuro, que as tristezas não se perpetuem. Antes, postem-se à evolução de cada um.

As situações mundanas, nem os seres mundanos devem ser temidos, pois impossível desvencilhar-se dessa realidade no mundo atual. Afortunados de boa sorte, são aqueles que através de discernimento próprio conseguem sobreviver a tais iniquidades; derrotados serão os que sucumbem aos obstáculos. Por outro lado, alguns seres humanos lambuzam-se do Mal, para depois desafiá-lo e vencê-lo. Vitoriosos também serão, conquanto exibam com mais intensidade os sinais do sofrimento que poderia ser evitado. Esses seres necessitam sacrificar-se ao Mal para evidenciar o Bem, donde se conclui que desejos mundanos são também fontes para se alcançar a iluminação.

A cada qual o seu destino. A cada qual o desejo de vencer ou não as vicissitudes impostas pelo seu destino.

 

Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2011 - 16h19
Imagem capturada na Internet - através do Google

Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 19/01/2014
Alterado em 14/06/2025
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários


Imagem de cabeçalho: jenniferphoon/flickr