Textos



O quê calou a minh'alma?

 
Não calou a minh’alma o pranto da vida,
nem o triste infortúnio de se ter e não ter.
 
Não calou a minh’alma a ausência do ouro,
nem a boca sem beijo e de baton sujada.
 
Não calou a minh’alma o aleivoso sonho,
nem o sexo sem sexo em noite não dormida.
 
Não calou a minh’alma o cobertor rasgado,
nem a pele que enxota minha pele em fogo.
 
Calou a minh’alma o curió perseguido,
o desespero insano da criança faminta,
o rugido da mulher que se estupra no escuro,
o golpear do ingrato nos cabelos brancos,
o vilipêndio da fé em tornos de amargura,
o desencanto do amor e o drogar dos sonhos
que se corrompem por si e se matam assim...
sem esperança ou flor... em dor... em dor...

 
Cabo Frio, 10 de junho de 2009 – 2h06
 
Comentário do meu filho Arnóbio Felinto Júnior:
Lindo POEMA!
Acredito que nosso espírito seja imortal, logo, jamais perecerá. Todavia, às vezes, nossa alma diante dos dissabores e maldades mundanas se cala. Cala-se, estarrecida, a boa alma, ao ver tanto infortúnio e por achar que nada pode fazer para melhorar o mundo... Contudo, aprendi com o Direito que as injustiças nunca cessarão se permanecermos calados. Aprendi lutando que a dor nos prova a todo tempo que ainda estamos vivos para continuar lutando, que as cicatrizes que contraímos servem de recordação das batalhas e nos deixam sempre mais fortes. E a exemplo do meu falecido e ex-combatente do exército brasileiro, vovô Mota, faço valer que "um filho teu jamais foge à luta"!
O sofrimento é inerente à vida, mas tudo tem uma razão para acontecer. Os sentimentos precisam ser sempre equilibrados para melhor entendermos a razão de nossa existência. Vale a pena refletir sempre nos 10 estados de vida.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 19/01/2014
Alterado em 19/02/2017
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