Poeta inerte
Humanos... bilhões de humanos -
essa civilização desumana,
que se afoga num espaço cruel...
Sou poeta-humana,
a sentir-me um albatroz-errante,
cujas crias são alimento
de marinheiros perdidos,
que mastigam na carniça
um sórdido desapego à natureza...
Sou poeta-tisana,
a sentir-me vereda triste e inútil,
cujas calçadas veiculam
bocas de fome em berro,
que fazem do meu verso um nada
e me deixam em lugar nenhum...
Sou poeta-insana,
a sentir-me baldia nessa marcha,
cujo tempo inexorável
se registra neste mesmo instante
e me desfaz em concubina
que elege a vida-inércia por amante...
Sou poeta-morta,
a sentir-me escárnio libertino,
cujo hálito fedorento
converte a beleza em coisa nula
e volatiza o sonho vencido
numa ignota fuga do depois.
Humanos... bilhões de humanos -
essa civilização insossa de poetas-eu,
que se fazem letra morta e que nas letras morrem...
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Cabo Frio, 14 de junho de 2009 – 3h56
Poema declamado no Primeiro Encontro de Poetas Del Mundo,
em Búzios, no dia 22 de agosto de 2009.
Um convite à Ação.