Maestrina do amor
Se pudesse...
escreveria tua beleza
nas partituras da vida
e ocuparia um compasso todo
só por executar minha semibreve no teu corpo.
Na mínima expressão da tua face
burilaria as semínimas artes do teu gosto
e as colcheias carnudas dos teus lábios
renderiam gostosas semicolcheias
que me deixariam fusa e semifusa...
Se pudesse...
buscaria a emoção do teu sorriso,
fosse breve, longa ou máxima,
mesmo aquela mais perdida
nas brumas do esquecimento...
Na fórmula do teu compasso
e, no passo adequado,
voariam as roupas que te arrancasse,
mudando de quando em quando
o andamento do teu beijo...
Se pudesse...
Em cada nota pontuada
estenderia meus suspiros, sem pausas...
Na tua clave de sol
sustentaria meu fá e, talvez, meu dó,
com voz rouca e grave, de agudas sensações...
Deslocaria nossos sons
em bemóis e sustenidos,
alterando-lhes o timbre
conforme o vibrar do nosso diapasão.
Na tonalidade das nossas peles
indicaria a escala certa,
por onde nosso tempo
elegeria nova modulação...
E, pianíssimo, piano, mezzo piano,
mezzo forte, forte, fortíssimo...
crescendo e diminuindo, maior e menor,
em solo, em duo...
cunharíamos, em orgia sensual,
nossa cinética musical!
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Cabo Frio, 16 de setembro de 2009 – 00h42