Mãos de Fada ou de Fera?
Rebolo ao sonho teu, ziguezagueio,
espero irrequieta noite adentro,
que o vinho estonteante dos teus versos
me leve insana aos céus, depois à Terra,
em adornar vaidoso e toda inteira,
c’oas mesmas mãos que em mim ora sublimas...
Mas... nesse império feito de quimera,
pergunto-me - desnuda - Fada ou Fera,
imploram minhas mãos, os teus instintos?
A serem mãos de Fada - os teus anseios -
aprenderei magias e mistérios
ocultos pelos mares, tão rebeldes,
vadios ao luar do céu incerto...
E sob a graça toda do meu canto,
seduzirei teu ser a cada noite
e em sortilégios santos serei tantas,
pois em distinta Fada, a cada encontro,
incendiarei a alcova dos teus sonhos...
A serem mãos de Fera – os teus desejos -
cavalgarei fogosa em minha sina,
farejarei mil rastros dos cometas
à busca de segredos sibilinos,
daqueles mais intensos, nunca vistos...
E, a cada malvadez que em ti conspurque,
vermelho por vermelho, garra a garra,
terás ferida a vida por meus dotes
e envenenada a boca em fartos beijos...
Imploro que decidas, se me queres
a mais singela Fada ou ardente Fera...
Não deixes que me afogue em fantasia
e amiga da pureza e vil pecado
transmute em Fada e Fera, ao mesmo tempo...
Será tamanho o enlevo desse mito,
que não suportarás tanto prazer
e tombarás ao chão, morto ao desdém,
de nunca imaginares meu talento...
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Cabo Frio, 19 de outubro de 2009 – 3h00
Fundo musical: April In Portugal. Ray Conniff