O início...
Eu, enquanto Mãe: nasci por três vezes, em uma vida
Nasci no dia em que o meu primeiro filho veio ao mundo.
Quem pariu quem, não consigo explicar,
tão unos em mistério!
Algo extraordinário aconteceu,
pois, se antes simplesmente vivia,
naquele momento transcendi
o respirar vadio que não cria
e desvendei o esplendor da coexistência!
Ao depois, a desafiar o lógico e o ilógico
e a sublimar todas as quimeras
- criadora e criatura -
nasci por mais duas vezes!
A cada nascimento, emoção única e inigualável!
Desde que fui mãe, nunca mais morri...
Cada nascimento dos meus filhos,
foi para mim um "nascer" e não um "renascer".
Não sei muito como explicar
sobre essa coisa enigmática que é o meu SER-MÃE...
Para renascer, algo precisava encontrar-se morto em mim.
Mas, não foi assim. Nasci mesmo, a cada nova chegada!
E, de forma natural e mística, aquela nova vida unia-se à preexistente...
Chego a elucubrar que essa insólita sensação ocorra com outras mães.
Talvez, seja proteção antecipada... uma estratégia de sobrevivência,
para conviver sob o enlevo de tanto amor,
ao qual, nem de longe, suporta-se a possibilidade de um dia perder.
Quiçá, seja por tal razão - conseguir ser tantas vidas em uma só -
que algumas mães consigam sobreviver à ausência dos filhos
que partem, seja pelas sendas naturais do mundo,
que os leva em busca dos seus próprios caminhos,
seja sob a razão fatal de perdê-los à euforia da morte...
Não sei... não sei... mas, sinto pavor incontido,
só por pensar na última alternativa...
Na realidade, a única tragédia para a qual
não consigo imaginar minha sobrevivência, sob juízo perfeito...
O depois...