Não escolhi ser professora... foi o destino...
Afinei os meus ouvidos
ao som das harpas divinas,
onde, talvez, se escondessem,
os passos do meu fadário!
Busquei em tantos caminhos,
suguei a seiva do chão,
soprei chuva ao paraíso
e me desfiz à ilusão!
Ao procurar, no destino,
os dons que em mim se escondiam,
perdi-me nas flores vermelhas,
dos verdes mares ao céu!
Nada, em nada, servia,
fadada, estava ao vazio...
e, ao buscar meu paraíso,
sorvi fel, num doce inferno!
Tantas maçãs me ofertaram,
tantos figos e amoras,
mas, na boca inda tão jovem,
o amargor fez-se pecado!
Persisti, sempre incansável,
à procura do infinito,
que seguiria, finita,
sem a dor – desilusão!
Fui pintura e som intenso
e, ao canto dos passarinhos,
fui chamada de poeta,
na mais vil das expressões!
Audaz, enfim, afrontei,
as bruxas do meu castelo
e atirei-me, toda, inteira,
às leis da vida em repouso!
Aproveitei cada som
e amei a cada palavra,
o respeito afortunado,
que aos Mestres soube ofertar!
Admirei cada sonho,
entreguei-me, em corpo e alma,
levando os sonhos de lágrimas
prás fontes do meu futuro!
De tanto ouvir em silêncio,
por tanto medo de errar,
cansei os ossos e os poros,
mas vibrei na oração!
Fui menina. Fui mulher.
Fui caloura. Fui aluna.
Fui soluço. Fui estudo.
Fui vitória, em ascensão!
Tempos depois, fui levada,
pelas mãos do meu destino,
a penetrar numa sala,
cheia de gente sorrindo.
Fui entrando, devagar,
tão feliz e, sem tremores,
não sei bem como explicar,
ali, comecei a ensinar...
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Cabo Frio, 16 de outubro de 2009 – 00h41