Perfídia
Ambicionei trair meu sentimento...
Na roupa, o lastro rubro do pecado,
nos verdes olhos, brilho indecifrável.
Desejei atraiçoar meu coração,
pintei de sonho a boca, em desprezo
à honradez canina da minh'alma.
Sentir o gosto impuro da vergonha,
imiscuída na saudade da loucura,
enfeitiçou-me à luz da fantasia.
Enodoada de orvalho perfumado
arrebentei a catarata dos cabelos
nos meus ombros nus em leito.
Ao espelho, a imagem acarinhada
da mulher certeira nos desejos,
calou o pudor santo dos meus poros.
Beber no sangue quente da perfídia
o prazer que me vem sendo negado
dia e noite sem nem saber porquê.
Desejei atraiçoar meu sentimento,
mas compassou igual ao coração
o ritmo universal que me protege.
E... não sei se por mim ou pela Natureza,
- aliada da minha pureza –
fui apenas, como sempre, fiel ao amor!
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Rio de Janeiro, 3 minutos do dia 8 de junho de 1992
Reeditada em 29 de março de 2012 – 18h45
Fundo musical: Perfidia. Glenn Müller