Obsessão amorosa
O tema em epígrafe é tão triste quanto fascinante.
De há muito os seres humanos buscam um amor sadio e maduro, preocupados em não se enredarem aos amores imaturos, compulsivos, subordinados e obsessivos.
Conquanto não seja um tema novo, hodiernamente, a obsessão amorosa ganha repercussão em diversas searas do conhecimento e desfila-nos enfoques diferenciados a partir da realidade individual e/ou social.
Na vida real seus efeitos são intensos, fortes e até mesmo dramáticos. Ultrapassou o âmbito da casualidade o número de agressões, assassinatos e suicídios decorrentes do término de liames amorosos. Na Arte, que tantas vezes expressa a vida, as produções criativas, para as quais não existem limites, trafegam de forma vertiginosa entre o bem e o mal. Tal sua eloquência, que despertam a atenção dos cientistas. Designados para destacar-lhes os sintomas, as raízes causais e os possíveis tratamentos, os profissionais que atuam no contexto psicanalítico, atuam incansavelmente.
Leiga na área, mas possuidora de inquietude intelectual acirrada, aprecio ler a respeito do tema, o que me permite confirmar pensamentos previamente formulados, modificar outros e adquirir tantos mais. Sempre, em busca de conhecimentos que me possibilitem exercitar pensamentos críticos a respeito dos temas que me despertam a atenção.
Na esfera abrangida pelo tema, não concebo a obsessão amorosa como amor per si, porque o obsessivo amoroso exibe total dependência do relacionamento doentio, que se materializa na pessoa desejada de forma impulsiva e compulsiva. Pouco importa sejam-lhe apontados os disparates da relação, porque esta é engenho ideal da sua própria mente.
O obsessivo amoroso exige atenção exclusiva por parte do parceiro, sobre o qual pratica domínio sufocante. Desta mórbida circunstância abrolha agonia viva e verdadeira que o ata firmemente à intensa dor que lhe dilacera o peito.
Somente a percepção aliada à ação incita mudança necessária para que se possa sair da roda-viva de sofrimentos imposta pelas conjunturas decorrentes de traumas e/ou disfunções orgânicas. Neste contexto, é necessário perceber, em primeiro lugar, que não é a vida que oferece sentido aos seres humanos, mas ao contrário, estes é que oferecem sentido àquela.
Indiscutivelmente, o tema oferece-me asas à reflexão.
Rio de Janeiro, 20 de novembro de 2011 – 13h21