Inteligência?... Que bobagem...
Triste é que nos dias de hoje os vocábulos "estrela" e "modelo" façam-se, quase sempre, acompanhar de uma foto de homem musculoso, portador de uma bunda definida, cuja força parece comandar o cavalgar de pernas deusas que oferecem ensejo a passar a mão, assim, num sem querer... Isso tudo, sem falar no famoso tanquinho, que de tão reto clama pelo descanso de um beijo; ou daquele pescoço grosso e forte, que se enfia pelo nosso pensamento a provocar poemas de emoção! Bem, é melhor ficar por aqui mesmo...
Claro, descrevo um corpo estampado numa revista e emoções fantasia... nada mais! Sou poeta. Sei criar. Passo folha por folha e não leio uma linha a respeito de outros dotes: inteligência, cultura ou talentos variados.
Oras, pensarão, entre risinhos maldosos e medíocres, algumas admiradoras do efêmero: "Que mala mal-amada essa poeta! E precisa mais alguma coisa?!!! Se colocar inteligência, estraga!!!"
Responderei que não estraga, não! Beleza física alia-se com perfeição à beleza do intelecto! Aliás, por serem dons unos somente em espécies raras (!), são essas cobiçadas por pessoas de nível intelectual elevado.
Por outro lado, ausência de beleza física não é tão fatal quanto a falta de inteligência! Posso imaginar-me a correr mil léguas, sem descanso, para fugir do assédio de um espécime masculino belo e desprovido da capacidade de concatenar ideias, mas confesso difícil imaginar-me em fuga, por um milímetro que seja, de um macho que não ostente beleza física estonteante, mas que possua o dom de entontecer-me com seu poder de sedução esculpido ao buril de hábil e elegante postura. Em tempo: não fugir nunca foi sinônimo de cair leviana e facilmente nos braços de qualquer um, mesmo que seja inteligente e bem educado. Bom dizer.
Apologia?!!! À inteligência, sim!
Rio de Janeiro, 30 de agosto de 2010
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 23/08/2011
Alterado em 24/12/2018