Teoria/Técnica do meu SONETIM1 NOÇÕES CONCEITUAIS
Sonetim é uma estrutura poética criada pela Poeta Sílvia Mota.
2 ESTRUTURA
O sonetim estrutura-se em quatro estrofes: 4, 3, 2, 1 versos alexandrinos.
3 SÍLABAS GRAMATICAIS E SÍLABAS MÉTRICAS: DIFERENTES?
Sim, são diferentes, senão vejamos.
3.1 Sílaba gramatical
Vejamos um exemplo: “Canção de amor”
Separação das sílabas gramaticais:
Can / ção / de / a / mor.
3.2 Sílaba métrica
O fenômeno da separação das sílabas métricas (sons) chama-se “escansão dos versos”. Sendo assim, as sílabas métricas contam-se a partir da sonoridade, ditada por elisões e outras figuras gramaticais. Todo verso de forma fixa passa, obrigatoriamente, por este processo, que é diferente no caso das sílabas gramaticais.
Vejamos o exemplo anterior: “Canção de amor”
Como estamos a falar de SOM, sabemos que ninguém lê desta forma, pronunciando, detalhadamente, sílaba por sílaba. Seria, no mínimo, pedante... rs
Sílabas métricas, poéticas ou sons:
Can / ção / dia / mor
Olhem a elisão aí, na terceira sílaba: “dia”! Entenderam?
Mais um exemplo? Vejamos:
Vamos tomar, por exemplo, um dos mais famosos sonetos de Olavo Bilac. Observemos tanto a métrica, quanto as rimas, neste caso: ABAB – ABAB -
Este soneto que lhes apresento é o denominado verso decassílabo heróico.
Colocarei em letras maíusculas as sílabas tônicas (fortes):
O / ra / (di / reis) / ou / VIR / es / trê / las! / CER / to - A
Per / des / te o / sen / so!" E eu / VOS / di / rei, / no en / TAN / to, - B
Que, / pa / ra ou / vi- / las, / MUI / ta / vez / des / PER / to - A
E a / bro as / ja / ne / las, / PÁ / li / do / de / es / PAN / to... - B
No 2º verso ocorre uma elisão na 3ª sílaba. A palavra (te) termina em vogal e a próxima palavrinha é uma vogal solitária (o). Neste caso, juntamos as duas vogais numa só sílaba poética (teo), por isso só temos 3 sílabas. Logo a seguir, ocorre outra elisão na 5ª sílaba poética. A palavra (senso) termina em vogal e as que lhe seguem são todas vogais (E eu). Faz-se a junção, mais uma vez (soeu). Ufa! Outra elisão, no mesmo verso, desta vez na 9ª sílaba. A palavra (no) termina por vogal e a próxima (entanto), também começa por vogal. Juntamos tudo (noen).
No terceiro verso há uma elisão na 3ª sílaba. A palavra (para) termina por vogal (ra) e a seguinte (ouví-las) também começa por vogal. Aqui também juntamos os sons das vogais (rou), por isso temos somente 3 sílabas poéticas.
No quarto verso há uma elisão logo na 1ª sílaba, em decorrência da vogal solitária seguida da palavra (abro) que se inicia por uma vogal. Logo à segunda sílaba, outra elisão. A palavrinha (abro) termina em vogal e a subsequente também inicia-se por vogal (as). Dessa forma, unimos a última sílaba de (abro) com a palavrinha seguinte (as), numa só sílaba poética (broas).
E / com / ver / sa / mos / TO / da a / noi / te, em / QUAN / to - A
A / vi / a / lác/ tea, / CO / mo um / pá / lio a / BER / to, - B
Cin / ti / la. E, ao / vir / do / SOL, / sau / do / so e em / PRAN / to, - A
In / da as / pro / cu / ro / PE / lo / céu / de / SER / to. - B
Di / reis / a / go / ra: / "TRES / lou / ca / do a / MI / go! - c
Que / coN / ver / sas / com / E / las? / Que / sem / TI / do - d
Tem / o / que / di / zem, / QUAN / do es / tão / con / TI / go?" - c
E eu / vos / di / rei: "A / MAI / pa / ra en / ten / DÊ- / las! - c
Pois / só / quem / a / ma / PO / de / ter / ou / VI / do - d
Ca / paz / de ou / vir / e / DE EN / ten / der / es / TRÊ / las. - c
4 AS RIMAS NO SONETIM
Para ilustrar este tópico busco em Antônio Feliciano Castilho uma atraente colocação a respeito da pedileção entre o verso rimado e o livre: “Os bons versos soltos são muito bons; os versos bem rimados são muito melhores.” Não importa que se façam versos com rima ou sem rima, clássicos ou livres; importa, sim, que se façam versos, versos e mais versos. (FERNANDES, José Augusto, Dicionário de rimas. 10. ed. p. 26)
Concordo. A função do poeta é MARAVILHAR o leitor! E, isso, só ocorre com exercício diário.
Então, vamos estudar.
O sonetim exige duas únicas rimas assim concentradas: AAAA, BBB, AA, B.
Nas três primeiras estrofes as palavras que coroam os segundos hemistíquios dos primeiros versos, assim como as dos primeiros hemistíquios dos últimos versos, devem rimar entre si. As rimas dos primeiros hemistíquios não se prendem às dos segundos hemistíquios, sendo livres a cada estrofe. No último verso o poeta optará por rimar as palavras que coroam ou o primeiro ou o segundo hemistíquio, ou ambos.
Deve-se lembrar a diferenciação entre a rima CONSOANTE (utilizada no Sonetim: santa/planta/encanta/tanta) e a rima TOANTE (brilho/silo/atiro/colírio) que não cabe no Sonetim, da mesma forma que não é aceita nos poemas clássicos.
5 O NÚMERO DE SÍLABAS NOS VERSOS DO SONETIM
Dissemos acima: Sonetim EXIGE versos alexandrinos.
Os VERSOS ALEXANDRINOS apresentam-se com 12 sílabas poéticas (dodecassílabos). Contudo, não lhes bastam as 12 sílabas. Exigem outras regrinhas.
Vamos aprendê-las?
PRIMEIRA REGRINHA:
O verso alexandrino possui 12 sílabas poéticas - o METRO - com a presença obrigatória da tônica - que determina o RITMO, na 6ª e 12ª sílabas poéticas.
Existem outras formas de demarcar o RITMO, como por exemplo:
a) presença da tônica na 2ª, 4ª, 6ª, 8ª, 10ª e 12ª;
b) presença da tônica na 3ª, 6ª, 9ª e 12ª;
c) presença da tônica na 4ª, 6ª e 10ª e 12ª.
SALIENTA-SE que somente ocorrerá um verso essencialmente alexandrino quando ocorrer a tônica na 6ª e na 12ª sílabas poéticas.
SEGUNDA REGRINHA:
Ressalto algumas regras conhecidas por todos os sonetistas, sobre a colocação das tônicas em seus sonetos, permitindo que o verso dodecassílabo seja caracterizado como alexandrino ou não:
1) Todos os SEGUNDOS HEMISTÍQUIOS de todos os versos terminarão com palavras paroxítonas (chamadas de palavras graves).
2) Jamais finalizar o 1º HEMISTÍQUIO com palavra proparoxítona.
3) Ao término do 1º HEMISTÍQUIO, com palavra paroxítona terminada em vogal, faz-se necessário que a próxima palavra comece com uma vogal átona ou consoante muda para haver a ELISÃO;
4) Se terminarmos o 1º HEMISTÍQUIO com palavra oxítona, com ou sem elisão com a palavra seguinte, o dodecassílabo se mantém.
Quaisquer dúvidas quanto à concretização do Sonetim, coloco-me à disposição.
Para conhecer a origem da nova forma poética ler:
A busca pelo meu Sonetim, aqui no Recanto das Letras e/ou na
PEAPAZ.
MOTA Sílvia. Teoria/técnica do meu Sonetim. Publicado originalmente na
PEAPAZ: rede sócio-cultural poetas e escritores do amor e da paz, Rio de Janeiro. Disponível em:
http://silviamota.ning.com/group/teorialiteraria/forum/topics/teoriatecnica-do-meu-sonetim Publicado em: 9 de outubro de 2010.
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 15/06/2011
Alterado em 12/03/2014