Necessário perceber a diferença entre estar só e sentir solidão.
Ser só é (re)conhecer-se.
Solidão é parte de um sofrer.
Gosto de um encantador silêncio, mas não de uma triste solidão. Na iminência da sua proximidade obstruo todas as curvas do caminho em minha direção! Mas, se por acaso um dia achegar-se indiscreta, na sua insistência febril - e por caminhos inesperados - não lhe serei hostil. Desvendarei sua natureza masculina e encantarei seus ouvidos com um dos meus poemas, tendo como fundo musical um tango executado às teclas e botões do meu acordeon. No afã de satisfazê-la em toda a plenitude fotografarei nossa nudez e minha inspiração criará através de tintas coloridas, pincéis e espátulas, uma obra inacabada de indefinível beleza.
Asseguro-me que nos apaixonaremos aos pecados dessa sedução. E, como num conto de fadas, arfaremos com o vento... esse mesmo vento que um dia nos assoprará juntas ao Infinito – eu e minha solidão - agora transformada em adorável solitude.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Cabo Frio, 2009.