Textos


Aos 58 anos, quem sou eu?
Olhar poético sobre passado, presente e futuro...


Experiências humanas são aprendizados diretamente retirados da vida. Somente aos que vivem com intensidade permite-se poetizar a Vida com suas alegrias e tristezas. No concernente às últimas, algumas pessoas optam pelo ato da ruminação constante e, nesse bate e volta, contam e recontam as lágrimas aos divãs eternos dos psicanalistas, na ânsia de obter respostas para o que se encontra no seu próprio interior. A relevância de um profissional na vida de quem se encontra fragilizado é imprescindível, mas não como forma de entrega ao fatalismo.

Opto por amadurecer as emoções. E o faço dia-a-dia. Sem pressa. Corri a vida inteira e atropelei-me, tantas vezes! Agora, silencio meu silêncio. Posso ouví-lo, enfim! E, nessa paz, balbucio as letras de Freud: “Seja qual for o caminho que eu escolher, um poeta já passou por ele antes de mim.” Assim sendo, se alegre, escrevo meus poemas; se triste, escrevo meus poemas. Em todas as circunstâncias escrevo meus poemas! Transformo l - i - t - e - r - a - l - m - e - n - t - e tudo em poesia!

Ao condão dos 58 anos olho o passado, o presente e, a imaginar meu futuro exponho, após magníficos tombos e vitórias, algumas linhas.

O Tempo Passado é referencial do que desejo ou não que se repita na minha vida. Permito-me chorar às recordações, algumas doces; outras, por demais amargas. Mas, aos seus efeitos jamais sucumbo! Se os ultrapassei é porque fui mais forte! Por que fenecer agora, às lembranças? Ao contrário, por elas existirei! Sem o passado não estaria a consagrar o presente. Seria pedra bruta ou cristal - pouco importa. Enraizada, num caminho sem história. Fadada à morte prematura, por surgir solitária e sem conteúdo. Inconsistente. Frágil. Sem contexto. Apartada da categoria de “gente” – ser humano humanista – e sem os enredos que oferecem sentido à minha história de vida. Rancores do passado, elimino, se é que abrolham! Apropriando-me da pureza poética que me inspira a diversidade de pedras brasileiras, resmungo baixinho: quantas pedras sabão encontradas pela vida! Por outro lado, pergunto-me:


Qual a diferença entre as pedras?
Brilhante ou sabão – quanto importam?
A pedra preciosa deleita corações;
mas, pode ser arma fatal pelo corte que possui.
A pedra sabão, se encanto não ostenta,
nas mãos de Aleijadinho conquistou a eternidade!
Importante mesmo é poetizá-las.
Quão relevante o domínio
das pedras brilhantes e das pedras sabão,
nas vias do meu passado!
Ao pensá-lo sinto meu poder.
Alcancei o presente!

O Tempo Presente... Ah! Este é o agora; a depender de mim, sempre juvenil, porque é o momento no qual respiro minhas emoções todas, compreendendo-as nos mais minuciosos detalhes. Não existe presente sem passado, mas, pela capacidade de recriá-lo, mantenho-os independentes. Sem lugares à fatalidade! E essa coisa de “sofro no presente, pelos males do passado”, não inaugura suas indecências na minha forma de viver a vida. Rigorosa comigo mesma sofro - somente - enquanto não desafio as circunstâncias. Não me permito entregar derrotas e vitórias ao império do destino! Vitoriosa serei enquanto lutar para estabelecer meus objetivos de vida. Ao contrário, derrotada, se desistir. Não estanco frente às perdas aparentes, nem me preocupo mais com sorrisos invejosos e ações perniciosas, que se respaldam na insegurança idiota dos seres humanos consigo mesmos. Perdas atuais transformo-as em ganhos. No momento da lesão, permito a iluminação dos meus desejos. E – FÉ – desafio as mudanças! Batalhas são batalhas, sempre existirão. Não vencerei todas, pois alegrias e tristezas, desgraças e venturas, sorrisos e lágrimas são fatos da vida. O que diferencia os seres humanos uns dos outros é a forma como ultrapassam as adversidades. Por tal motivo sou rigor comigo mesma. Fiel aos meus anseios procuro em cada ação o primor da Ética, do Direito e da Justiça. Contudo, SEI-ME HUMANA E PASSÍVEL DE FALHAS. Nesses momentos não recorro a ninguém, julgo-me - eu própria – e cultivo a RESPONSABILIDADE ao ASSUMIR AS CONSEQUÊNCIAS dos meus atos. Consumida pelas dores tenho a certeza de vencê-las. Se desejar. Não fosse assim, como justificar momentos cruéis ultrapassados frente à Morte? Se à Grande Dama Negra sobrevivi, sabendo-a certa, o quê, impossível? A partir desses apotegmas, teço meu próprio conceito de Felicidade: “É a certeza que tenho, nas profundezas da minha Vida de que, se desejar, planejar e agir, através da FÉ, alcançarei meus desígnios, que não se concretizarão necessariamente da forma como prevejo em determinada fase da vida. Isso, porque a emoção denigre, quando não se faz acompanhar da sabedoria.”

Cultivo a vergonha no rosto e no coração!
Cruel – por demais - com os próprios erros.
Reconheço.
Falha?
Não sei, mas sou assim.
Urdo uma necessidade insana
de estraçalhar-me, por inteiro,
frente à constatação dos meus disparates,
para reconstruir-me, pouco a pouco.
Eu mesma!
Fênix.
Necessito da verdade,
como a flor do perfume,
a fonte da água,
as estrelas de um céu.
E aos enlevos desta paixão
não existem meios termos,
pois não me permito
empacar pelos caminhos.
Se evidentes os retrocessos
- aos olhos desleais – derrotas!
- aos olhos atentos – sabedoria!
Sirvo-me dos leões,
que recuam a pata traseira
para ampliar a força do salto,
normalmente certeiro e fatal!
Passo a passo, caminho ao futuro!


O Tempo Futuro – sedutor - pois desconhecido. Encanto-me aos seus mistérios. Desafio-o conscientemente a cada último dia do ano! E a cada ano imprimo mais rigor!

Meu futuro provoca-me o tempo todo,
como um amante apaixonado!
E apaixonada que sou
retribuo-lhe os pecados todos,
em forma de Esperança!
Na cadência do que serei
permito-me ser flor, ou,
simplesmente perfume
a evaporar no ar...
Não aceito a morte dos sonhos!
Sem tal virtude, onde a Poeta?
Sem a poeta, onde “Eu”?
Sem “Eu”, onde o Futuro?
Sem o Futuro, onde a Vida?
Sem a Vida... onde a Morte?
E não havendo Sonhos,
como receber a Morte, sem temê-la?


Reafirmo que sou Causa e Efeito. Por conseguinte, vigio o presente e preparo meu futuro, que só a mim pertence! Sem arrogância.


Cabo Frio, 9 de janeiro de 2010 – 16h.

Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 12/01/2011


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