Mulher madura
O amadurecimento da mulher que se encontra hoje na minha idade deu-se a duras penas. Venceu preconceitos diversos. Inaugurou a minissaia e diversas reformas ortográficas; brigou com os soutiens, queimando-os simbolicamente em praças públicas, mas, assumiu a sensualidade e, a seguir, fez as pazes com a bela lingerie; descobriu que a pureza dos sentimentos não se encontra no himeneu; experimentou o gosto livre de tomar anticoncepcionais à vista de todos (e quanto foi dura essa vitória!); escolheu o amor ou a estabilidade financeira, mas, o fez por desejo próprio; saíu de casa para trabalhar e consciente da sua atitude dividiu responsabilidades com os companheiros.
Ah! Nesse momento, tantos foram os abusos, através das jornadas de trabalho sem limites, dos salários mais baixos se comparados aqueles alcançados pelo sexo oposto, ou, ainda, a preservação dos empregos associadas aos assédios sexual e moral. Mal interpretadas suas atitudes e até mesmo os seus sorrisos! A beleza física vilipendiada, e, ao mesmo tempo, exigida como requisito imprescindível aos empregos dirigidos por indivíduos suspeitos, por muito tempo trafegou pelas sendas desumanas do pensamento, ao ser compreendida como falta de inteligência e/ou símbolo da leviandade. Não houvesse a exibir no corpo uma beleza mínima, dotes sexuais faziam-se necessários para equilibrar o favor da admissão.
Entre tantos abusos, mais uma vez, empunhou a mulher o sabre da coragem e desafiou as circunstâncias. Feia ou bela, desdobrou-se ao poder da própria inteligência para ganhar respeito no âmbito familiar, social, e, consequentemente, no mercado de trabalho. A delinear caminhos individuais evidenciou sua autonomia – hoje protegida pelas leis nacionais - quando se descobriu sujeito de direitos, entre esses, o direito de dizer não e o direito de dizer sim.
A luta continua, mas, com o apoio de homens sensíveis amadurecem dia a dia... e, vencem as dificuldades, uma a uma.
Rio de Janeiro, 12 de setembro de 2010 - 14h45
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 01/01/2011
Alterado em 02/11/2020