Minha saudade
Percorro cada flor, saltito rama a rama
tal passarinho em ária, ao ressoar sou trama.
Em meu olhar longínquo esta saudade inflama
e canto ao desencanto o amor que em mim te chama.
Voltejo quase insana, enfrento o amor reverso,
a gotejar orvalho - inflamo em ser disperso.
Gorjeia em mim e assim, este chorar emerso.
À fuga do alçapão, resisto à lama e ao drama,
voejo aqui e ali, desfaço-me em dama.
Ó meu amor, amor, minha saudade é verso!
Em janeiro deste ano criei "És Deus!" ao qual denominei "Meu Sonetim". Publicado originalmente no antigo Site da Magriça, apresenta-se sob quatro estrofes (4, 3, 2, 1 versos), nas quais ignoro quaisquer regras concernentes à rima ou à métrica, embora mantenha som ritmado a cada verso. Desde então, vinculei-me à ideia de criar uma forma singular de apresentação da minha poética. Ao estudo, criei diversos indrisos e a cada criação imprimia novo dado, até chegar aos indrisos sob versos alexandrinos. A partir deste estágio, encontrei o que buscava em "Minha saudade". Mantenho a disposição das quatro estrofes (4, 3, 2, 1 versos) utilizada em "És deus!" e levando em conta minha paixão pela forma poética, acrescento-lhes versos alexandrinos (a exemplo dos últimos indrisos), somando-lhes a exigência de duas únicas rimas assim concentradas: AAAA, BBB, AA, B. Nas três primeiras estrofes as palavras que coroam os segundos hemistíquios dos primeiros versos, assim como as dos primeiros hemistíquios dos últimos versos, incluindo-se aqui o verso solitário que encerra o poema, devem rimar entre si. As rimas dos primeiros hemistíquios não se prendem às dos segundos hemistíquios, sendo livres a cada estrofe. Ainda em dúvida quanto ao destino do segundo hemistíquio do último verso do poema, continuo por esta aventura poética a qual acostumei-me a chamar de "A busca pelo meu Sonetim".