Meu recanto
Fui morar num lugar esquisito,
onde o silêncio fala,
onde o sorriso chora,
onde a morte nasce
e onde a vida não consegue morrer.
Fui morar nesse lugar engraçado
onde não enxergo meu corpo,
onde flutuo sem sair do chão,
onde falo sem emitir sons.
As notícias são lidas nas estrelas,
a música é o bater do coração,
o sonho é a vida respirada a cada momento
e o momento é toda a continuidade de pensamentos.
As estátuas que fiz são mais humanas
do que os humanos de onde vim.
Ficam caladas ouvindo meu estranho silêncio
e sinto choro sem lágrimas
naqueles olhos de pedra que não vêem.
Fui morar naquela rua onde você não passa,
naquela casa sem número, da rua sem bairro
e sem cidade.
Fui morar no calado barulhento das palavras
que não consigo tirar fora do meu imenso baú
feito de massa cinzenta.
Num recanto triste da minha própria vida
estrangulei meus sonhos
e na saudade do seu carinho
adormeci meu sexo.
Enrosquei meu corpo
no esperma endurecido dos lençóis
e, num recanto triste da minha própria vida,
enfiei as mãos nos meus sentidos
e não pude mais sentir você no meu prazer...
Rio de Janeiro, ainda na juventude.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 30/04/2010
Alterado em 27/10/2010
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