É fato! É fato! É fato! Hei de afirmar meu canto
de malvadez por ti - sou cortesã e demo!
É fato! É fato! É fato! Hei de espalhar encanto,
se com prazer mordi - revi que nada temo!
Gozei sem indulgência, atei-me ao contracanto
e em ímpio bel-prazer - fui cortesã e demo!
Jamais impetrarei fazer-te sacrossanto,
vis sucos aspirei - fui doida e nada temo!
Se, nessa posse estranha, em beijo fui maldade,
dourei-me em acre vício, arfei num só negrume,
dançaste ao meu feitiço - amei na alacridade!
Não sei, não sei, não sei, quem - Hades ou Medusa -
ao ler-te em felonia, inflou-se por ciúme,
ao ver-te aos pés - cativo - em árias de outra Musa!
Cabo Frio, 4 de fevereiro de 2010 – 18h16