Marcha fúnebre
Escuto pela noite um culminante grito
e corro a socorrer esse fatal lamento -
um urro, inútil dor, tal cancro sem alento -
paixão desmoronada, algoz em tom maldito!
Domado pela inveja em macambúzio rito,
eis que te encontro ali tão frio e triste e lento -
transpassa-te vil ódio, em teu final momento -
carente de ilusões, rugido ao vento aflito!
Grilhões da estupidez arrostam teu minuto,
insultam-te a alforria - cascalham - e ao teu pranto
vicejam de alegria e tamborilam luto!
Desvendo-me aos teus pés - um nome quase torto,
teu cuspe no meu dom, tua raiva no meu canto.
Eu - viva - no teu mal! Mas ao meu som és morto!
Cabo Frio, 6 de setembro de 2009 – 14h10