Meu Diário
26/08/2016 22h36
A escuridão fundamental da vida - Brasil Seikyo

1ª PARTE. Brasil Seikyo, São Paulo, n. 1835, p. a7, 11 mar. 2006.

Pergunta: Recentemente, tenho ouvido nas atividades o tema “Escuridão Fundamental da Vida”. Como podemos identificá-la agindo em nossa vida e na sociedade?

Resposta: “Escuridão” significa cegueira em relação à verdade, particularmente, à verdadeira natureza da própria vida. Também conhecida como ignorância fundamental, refere-se à ilusão mais profundamente enraizada e inerente na vida que origina todas as outras ilusões e todos os desejos mundanos. O termo “escuridão fundamental” (gampon no mumyo, em japonês) é usado em contraste à iluminação fundamental ou à natureza de Buda inata (gampon no hossho). De acordo com o sutra Shrimala, a escuridão fundamental é a ilusão mais difícil de ser vencida e só pode ser erradicada por meio da sabedoria do Buda. É isso o que quer dizer a frase do escrito de Daishonin: “Manifeste uma profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo.” (Os Escritos de Nitiren Daishonin, v. I, p. 4)

Uma vez ignorante da natureza de sua própria existência, a pessoa tomada pela escuridão também ignora a natureza da vida das demais. É por essa razão que atos bárbaros são praticados no mundo inteiro e, de certa forma, com o “consentimento” da maioria das pessoas. As guerras são um exemplo. O que justifica a matança de vários seres humanos nesses conflitos? Por mais razões que sejam apresentadas (políticas, econômicas e ideológicas), nada justifica tirar a vida de alguém. Porém, em várias partes do mundo. as guerras continuam a eclodir.

Na vida diária, as principais características das pessoas guiadas pela escuridão fundamental são:

• Orgulho, arrogância e preconceito: Preocupadas em aparentar serem exemplos de virtude, desprezam as pessoas e criam inimizade. Não conseguem enxergar valor ou qualidades em outras pessoas.

• Mentira: Para encobrir as próprias falhas, mentem e não se envergonham disso. São hábeis em distorcer os fatos, chegando a se convencer de que o que dizem é a mais pura verdade. Essas pessoas vivem de ilusão. Incapazes de destruir a maldade em seu coração, preferem destruir as outras pessoas. A infelicidade dos outros é sua maior alegria.

• Egoísmo: Tudo o que faz está voltado para si próprio. Para autopreservar-se e conseguir o que deseja, vale-se, principalmente, de seu poder de causar cisões, separando pessoas ou provocando desarmonia entre elas.

O propósito principal da prática budista é “iluminar” a “escuridão” da vida, isto é, compreender as causas que geram o sofrimento e, assim, agir para mudar a própria condição ou situação.

Elevar o estado de vida das pessoas, munindo-as de coragem e sabedoria para mudar, é o propósito primordial do budismo. É fazer com que elas compreendam a essência real de todos os fenômenos, deixando de encarar a vida e as circunstâncias ao redor de maneira superficial, cheia de fantasias ou desespero. Uma pessoa iluminada, ou no estado de Buda, é aquela que manifesta sabedoria e eleva-se acima das dificuldades para enxergar sua essência e vencê-las.

Em um dos seus discursos, o presidente Ikeda declara: “O mundo atual carece intensamente de esperança, de uma perspectiva positiva pelo futuro e de uma sólida filosofia. Não há nenhuma luz brilhante a iluminar o horizonte. Tudo está num impasse — a economia, a política e as questões ambientais e humanitárias. E os próprios seres humanos — a força motriz de todas essas esferas, também estão perdidos e não sabem como avançar.

“É por isso que nós, os Bodhisattvas da Terra, aparecemos. É por isso que o Budismo do Sol de Nitiren Daishonin é tão essencial. Nos levantamos, segurando bem alto a tocha da coragem e a filosofia da verdade e da justiça. Nós começamos a agir para romper corajosamente a escuridão dos quatro sofrimentos do nascimento, velhice, doença e morte, e também a escuridão da sociedade e do mundo.”

Fontes de Consulta:

Brasil Seikyo, São Paulo, n. 1.387, 19 out. 1996, p. 4.

Terceira Civilização, São Paulo, n. 450, fev. 2006, p. 44.

 

 

2ª PARTE. Brasil Seikyo, São Paulo, n. 1836, p. a6, 18 mar. 2006.

Pergunta: Poderia exemplificar com trechos de alguns escritos de Nitiren Daishonin como podemos vencer a escuridão fundamental inerente em nossa vida?

Resposta: O budismo elucida que a escuridão fundamental ou ilusão, a força da qual o mal se origina, existe na vida humana. Ao mesmo tempo, ensina também que as pessoas podem livrar-se dessa ignorância e manifestar sua natureza do Darma, ou iluminação inerente.

Embora o Sutra de Lótus [de Sakyamuni] afirme iluminar a escuridão da ignorância fundamental, na realidade, não tem sido capaz de iluminar a escuridão dos Últimos Dias da Lei. Ao ler o Sutra de Lótus, resistido a perseguições e propagado a Lei Mística [o ensino oculto nas profundezas do Sutra de Lótus] com devoção abnegada, Daishonin confirmou sua missão como Bodhisattva Práticas Superiores, o líder dos Bodhisattvas da Terra, aquele que dissipa a escuridão da ilusão fundamental.

Sobre a iluminação dos seres humanos na sua forma presente, Daishonin nos ensina em “A Frase Essencial”: “[Isto é ainda mais extraordinário do que] produzir fogo de uma pedra tirada do fundo de um rio, ou uma lamparina que ilumina um local que permaneceu em total escuridão por centenas, milhares e dezenas de milhares de anos. Se mesmo os fatos comuns deste mundo são considerados místicos, então, ainda mais místico é o poder da Lei budista!” (The Writings of Nichiren Daishonin, p. 923)

No momento em que uma lamparina é acesa o ambiente é iluminado, independentemente do tempo que permaneceu na escuridão. E quando o sol surge, a escuridão desaparece num instante. Mesmo que sejamos pressionados pelo peso de nosso carma negativo, pelos desejos mundanos e os sofrimentos de nascimento e morte, o fato é que possuímos a natureza de Buda dentro de nós para evidenciarmos e atingirmos a iluminação em nossa presente forma. Podemos mudar definitivamente nosso destino e atingir o estado de Buda por meio da forte fé na Lei Mística.

Em outro escrito de Daishonin consta: “Se acender uma lamparina para uma outra pessoa, iluminará também o seu próprio caminho.” (Gosho Zenshu, p. 1.598). Todos são pessoas de valor. Daishonin ressalta que respeitar os outros, como exemplificado pelas ações do Bodhisattva Jamais Desprezar, constitui a base da prática do Sutra de Lótus, e que realizar o Chakubuku é conduzir a prática desse bodhisattva. Quando nos empenhamos de corpo e alma a encorajar as pessoas, convictos de que cada uma delas possui uma missão preciosa, somos capazes de revelar o potencial não só dessas pessoas, mas o nosso também.

O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, retrata o Bodhisattva Jamais Desprezar dizendo que não era uma pessoa eloquente. Não demonstrava superioridade. Apenas seguia plantando a semente do Sutra de Lótus no coração das pessoas com uma simplicidade tão grande que chegava a parecer ingenuidade. No passado, presente e futuro, o espírito do Sutra de Lótus vive em tal conduta. Esse é o próprio comportamento dos membros da SGI. Todos que estão lutando na linha de frente de nosso movimento são, na verdade, os próprios Bodhisattvas Jamais Desprezar.

O Chakubuku é a prática de respeitar as pessoas e tem como finalidade conduzi-las à iluminação com base na filosofia e no espírito benevolente do Sutra de Lótus. É a prática correta para dissipar tanto a escuridão fundamental que se aloja na vida das pessoas assim como em nossa própria vida. Daishonin nos ensina também a respeitar os outros, não só quando propagamos o budismo, mas em todos os sentidos, pois esse é o modo correto de os seres humanos se comportarem.

Fontes de consulta:

Brasil Seikyo, São Paulo, n. 1.369, 1º jun. 1996, p. 3.

Brasil Seikyo, São Paulo, n. 1.535, 11 dez. 1999, p. 3–4.

Brasil Seikyo, São Paulo, n. 1.826, 1º jan. 2006, p. A2.

Terceira Civilização, São Paulo, edição n. 437, jan. 2005, p. 16.

 

 

3ª PARTE. Brasil Seikyo, São Paulo, n. 1837, p. a7, 25 mar. 2006.

 

 

Pergunta: Por que é tão difícil dissipar a escuridão fundamental da vida e evidenciar o nosso estado de Buda?

Resposta: A filosofia do budismo expõe a igualdade entre os seres humanos. Revela que a causa básica dos conflitos humanos, que vão desde as discussões familiares até as guerras, têm origem na “escuridão fundamental da vida”. Dessa escuridão surgem a desconfiança, o ódio, a inveja e, inclusive, o impulso de dominar os outros pela violência. Essa natureza maligna provoca a destruição e a brutalidade.

É no próprio homem que reside o poder de dissipar essa escuridão fundamental da vida e evidenciar a condição inabalável do estado de buda. Nitiren Daishonin revela esta verdade na passagem: “Contudo, mesmo que recite e acredite no Myoho-rengue-kyo, se pensa que a Lei existe fora de seu coração, o senhor não está abraçando a Lei Mística mas um ensino inferior.” (Os Escritos de Nitiren Daishonin, v. I, p. 2)

Nesse mesmo escrito, consta: “Quando uma pessoa é dominada pela ilusão, é chamada de mortal comum, mas quando iluminada, é chamada de Buda. Isso se assemelha a um espelho embaçado que brilhará como uma jóia quando for polido. A mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida é como um espelho embaçado, mas quando for polida, é certo que se tornará como um espelho límpido, refletindo a natureza essencial dos fenômenos e da realidade. Manifeste uma profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo.” (Ibidem, p. 4)

Sobre a forma correta de se praticar este budismo encontramos em “A Prática dos Ensinos do Buda” a seguinte frase: “A prática do Sutra de Lótus é o Chakubuku, a refutação das doutrinas provisórias.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, v. III, p. 148–149.) A passagem “A Prática do Sutra de Lotus é o Chakubuku” sintetiza todo o espírito do Budismo de Nitiren Daishonin que praticamos. O propósito do budismo é prover um verdadeiro caminho para melhorar e reformar a vida humana e a sociedade.

Numa época de ampla proliferação religiosa, precisamos sempre questionar: Esta religião fortalece o espírito das pessoas ou as enfraquece? Ela encoraja o bem ou o mal nas pessoas? Torna-as melhores e mais sábias ou tolas? Essas indagações podem ser alguns critérios essenciais para a “refutação das doutrinas provisórias”.

Da mesma forma que um diamante bruto, a vida de um mortal comum, quando cuidadosamente polida, reluzirá infalivelmente com ofuscante brilho. Nitiren Daishonin legou-nos o diamante que é o Gohonzon a fim de polirmos o diamante que existe em nós mesmos. Ter fé no Gohonzon é importante. Quando nós, como mortais comuns, recitamos Daimoku com sincera fé, nossa vida é naturalmente polida, vindo a emitir o brilho do estado de Buda. Este brilho é manifestado externamente em nossa vida diária sob a forma de benefícios e de boa sorte, e internamente como uma revigorante humanidade, rica em sabedoria e vigorosa energia vital.

Apesar de o budismo ser um grandioso ensino ele não é praticado de imediato por todos exatamente pelo fato de ser um ensino verdadeiro e correto. Por exemplo, no caso dos jovens, ser amável com os pais é correto, mas todos conseguem agir desse modo? Estudar é a coisa certa a fazer, mas quantos o fazem? O mesmo se aplica ao budismo.

Fontes de consulta:

Brasil Seikyo, São Paulo, n. 1.496, 20 fev. 1999, p. 3.

 

 

Brasil Seikyo, São Paulo, n. 1.712, 23 ago. 2003, p. A2.

 

 

Brasil Seikyo, São Paulo, n. 1.730, 10 jan. 2004, p. A3.

 

 

Brasil Seikyo, São Paulo, n. 1.736, 21 fev. 2004, p. A5.

 

 

 

 


Publicado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 26/08/2016 às 22h36
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