Meu Diário
02/07/2016 17h55
02-12-1951 - Eu e o meu avô materno Horácio Pereira Leite

Meu Avô materno parecia um índio e todos os seus netos, provenientes do segundo casamento, eram loirinhos. Então, cheguei com os cabelos negros e os olhos azuis. Contava Mamãe que ao me olhar pela primeira vez meu querido Avô disse orgulhoso, levantando-me bem alto: "Essa é minha!" Chamava-me de "pretis" ou de "pretórix". Era pequenina quando vovô Horácio se foi.

"Era pequena demais
para entender
a falta que você me fez..."

Minha irmã Auxiliadora Vieira escreve, no Facebook, sobre o nosso avô:

"[...] nosso avô Horácio possuia ascendência indígena através de sua bisavó. Ele dizia que ela havia sido caçada a laço rsrs. No entanto, como acontece na miscigenação que formou o nosso povo brasileiro, ele era de ascendência também portuguesa, através dos Pereira Leite. Segundo encontrei em uma revista Genealógica Paulistana, os Pereira Leite eram cristãos novos, fugidos da ação inquisitorial do Marques de Pombal. No Brasil instalaram-se em Pouso Alto, MG de onde desceram a Mantiqueira, em busca de terras mais férteis para o cultivo do café, até São Paulo e o norte fluminense, tornando-se cafeicultores na região de São José do Barreiro, Areias, Queluz, Resende e Bananal, onde nosso avô nasceu. A história do Brasil passa também pelos Pereira Leite. No início do século XIX, logo após o Dia do Fico, em 09 de janeiro de 1822, o príncipe regente Dom Pedro criou a sua Guarda de Honra, arregimentada entre jovens patriotas voluntários, moços das mais distintas famílias, que se destinavam à proteção do príncipe, apoiando o seu objetivo de conduzir a emancipação brasileira do domínio lusitano. Partindo em busca de aliados, ao passar por Resende, Dom Pedro anexou a sua comitiva quatro jovens da cidade: Antonio Ramos Cordeiro, José de Rocha Correia, Antonio Pereira Leite e David Gomes Jardim. Esses jovens acompanharam o príncipe pelo restante de sua viagem, que culminou na proclamação da Independência em 07 de setembro, às margens do Ipiranga. A Guarda de Honra foi transformada em Guarda Imperial e durou até 1831, quando Dom Pedro I abdicou do trono brasileiro em benefício de seu filho. Décadas depois, as famílias Pereira Leite e Jardim, representadas por Horácio Pereira Leite e Corina Jardim, uniram-se em matrimônio. Nossa bisavó Ovídia, mãe do vô Horácio, também contribuiu para essa miscigenação. Ela era italiana, da primeira leva de italianos vindos para o Brasil, para substituir a mão de obra escrava - ainda não liberta, uma vez que vô Horácio nasceu em 1888. Mamãe, que a conheceu, contava que ela possuía os olhos muito azuis e relatava ter se casado aos 14 anos. Nosso bisavô Antonio era proprietário das terras em que seus pais labutavam e foi busca-la no dia do casamento em um cavalo branco com arreios de prata. Mamãe dizia que ela contava isso com muito orgulho - então devia significar algo na época (no final da década de 80 do século XIX). Mamãe relatava ainda que o respeito dela por seu filho mais velho era tão grande que nunca o chamava pelo nome - era "seu" Horácio sempre. Isso nos parece esquisito mas se assistirmos alguns filmes de época veremos que as mães tratavam assim os seus filhos possuidores de mais posses que elas. Muitas histórias para contar e investigar."


Publicado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 02/07/2016 às 17h55
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