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Desgraça ou ventura?

Desgraça ou ventura, nunca me acomodei às vontades alheias, se não justificadas.

Na mais tenra idade criava as próprias bonecas de pano e ao conversarmos sentia-as minhas. Não permiti que me cortassem os longos e cacheados cabelos negros a bel prazer, mas entreguei-me servil à tesoura, quando meu querido papai traduziu em palavras o quanto ficaria linda e livre ao sabor do vento. Também não aceitei os desígnios de Deus. Em realidade - confesso - nunca conseguiram que eu acreditasse absolutamente num ser divino onipotente, a quem pudesse creditar minhas alegrias e tristezas. A inquietude intelectual que me domina desde menina inadmite-me responsabilizar a alguém pelas minhas falhas e, muito menos, dividir as glórias das minhas vitórias, a não ser com aqueles que se fizerem presentes no percurso das minhas lutas.
 
Por sentir necessidade da Fé, estudei e entendi as palavras dos Mestres da Vida e, através delas, alcancei o significado do divino, a partir do essencial. Entrevi na Lei Mística de Causa e Efeito a essência da minha Vida. Passei a respeitar-me mais quando me senti responsável pelo próprio destino.
 
Desde pequenina, a palavra me seduz. Indiscutivelmente, alcanço o prazer através da palavra e através da palavra engravido e consigo parir. Escrita, fantasio. Falada, deleito-me às virtudes ou entrego-me aos pecados.
 
Fadada a buscar o Amor em cada recanto da minha inspiração, assusto-me com a força da palavra, mas entrego-me à Paz que me oferece. À sua magia desnudo-me ao trilar dos pássaros ou ao marulhar das ondas no oceano. Mais do que tudo, atiçam-me. Relaciono-as ao ritmo universal.
 
A tudo questiono e em tudo busco respostas. Nasci inconformada com a robotização do ser humano frente aos dogmas. Quando inertes as palavras, necessito convertê-las em ação.
 
Afinal, desgraça ou ventura?

São Paulo, 18 de janeiro de 2009 – 23h34
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 17/01/2011
Alterado em 24/12/2018
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